domingo, 30 de junho de 2013

MELANCOLIA


Os dias estão cinza sobre nossas cabeças, o céu se mantém fechado, os raios de sol desapareceram entre a densidade das nuvens gélidas e esbranquiçadas. As noites são frias, o céu se torna uma penumbra incontestável e as estrelas não nos visitam mais. O ar está vaporizado e uma névoa insiste em se incrustar sobre todas as extremidades por onde caminhamos com olhares despercebidos e nossos lábios continuam selados e silenciosos e as músicas nos fones de ouvido parecem ainda mais melancólicas em dias assim. Os sentimentos se intensificam com a mesma voracidade dos pés frios que nos incomodam ao adormecer. Amanhecemos seguros de que queremos estar lado a lado, mas ainda não nos conhecemos, embora saiba que alguém no mundo, deseja o mesmo que eu. Os cigarros se multiplicam e por horas o sono não vem, e não nos basta ver a monotonia fatídica dos programas da televisão, então nos limitamos em estar satisfeitos com nossa própria rotina, mesmo que isso se resuma a incansáveis dias de estudo e pagamentos de impostos. Nos sobra tempo para pensar onde erramos, onde acertamos e principalmente nos próximos erros que cometeremos. Perdi meu coração na Califórnia. Perdi a cabeça. Penso que talvez esteja enlouquecendo, que seja mais fácil uma internação, mas não que isso resolva qualquer dos problemas que imagino ter, então talvez esteja esquizofrênico, o que não seria mal de qualquer forma, talvez fosse mais fácil viver uma vida que não é minha, ainda que apenas na minha cabeça, tal como eu já a perdi. Então me vejo redundante num perplexo estático do que se refere ao meu reflexo indigente de um espelho engordurado pelas mãos que por ali passaram.

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